Meu parto teve inicio muito antes do dia 15/08/2012. Pra ser mais exata, todo período de gestação e preparação para o nascimento do Pedro começou desde o momento em que me senti com uma ferida aberta, um espaço não preenchido e um trauma enorme na minha alma, que foi o final da gestação do primeiro filho e seus primeiros meses.
Fui enganada, mal assistida e isso quase custou a minha vida e a de João Gabriel, hoje com quase 4 anos. Como uma grande obstetriz me disse uma vez, meu final de gestação foi mais parecido com um jogo dos 7 erros, pois só teve coisa absurda.
Acho que o pior de tudo foi ficar sem um diagnóstico correto, sem o tratamento puerperal adequado (que me rendeu 3 idas ao pronto-socorro e um fígado torturado por 9 meses) e principalmente, ficar sem saber se realmente estava em trabalho de parto ou não, pois João Gabriel nasceu com uma bossa enorme, parecendo até filho nascido de parto.
Lembro-me de sentir dores na madrugada de véspera ao nascimento de João Gabriel (JG), previamente agendado com 24h e justificado pela pré-eclâmpsia grave e à minha falta de informação e empoderamento, já que passava por um sofrimento que já durava cerca de 30 dias, sem tratamento.
Durante a cesariana de João Gabriel, o então GO parou a cirurgia e veio me perguntar se eu não estava sentindo nada, pois meu filho estava nascendo e eu não sabia. Pronto! Aquilo me bastou para pensar que eu seria capaz e que deveria ser fácil, tranquilo e bonito. Não deveria ter sido daquele modo e pior: roubaram-me o direito de parir.
Fiquei sozinha num centro cirúrgico com um GO, um médico assistente, um anestesista e uma enfermeira. Pensaram que me esqueci de alguém? Não! Isso mesmo: estava sem marido ou outro acompanhante, sem um (a) neonatologista pra avaliar meu filho! Senti-me largada, com medo, desrespeitada, morrendo de frio, de falta de ar e logo em seguida, com dor, tremor, falta de coordenação – faziam tudo por mim: davam-me água na boca, comida, penteavam meu cabelo, tudo porque eu não conseguia guiar meus movimentos.
Você pensa que veio algum médico avaliar o que estava acontecendo? NÃO! Até hoje não sabemos por que tantas alterações neurológicas no pós-parto, além da pressão elevadíssima sem medicação para controle ou sulfato de magnésio.
Como se não bastasse, fiquei sozinha e meu filho também. Só pude conhecê-lo com cerca de mais 12h depois e com muito esforço para chegar á UTIN, pois as dores daquele corte eram cruéis e os outros sintomas acabavam comigo, mas eu fui! Lá estava o pequeno com uma máscara para recuperar a saturação de oxigênio e com uma sonda para coletar os líquidos do estômago (eu acho). Sem querer me estender muito, pois viraria o relato do nascimento do João Gabriel e não do Pedro, posso acrescentar que os próximos 12 meses não foram fáceis. JG nasceu com pé torto congênito bilateral, colocou gesso com 9 dias de vida e daí em diante foram 8 trocas de gesso semanalmente. Imaginem um RN mergulhado por pelo menos 1h para retirada do gesso, numa bacia d´água em pleno mês de setembro chuvoso?
Mas vencemos. Depois das 8 trocas ele foi submetido a uma pequena cirurgia de tendão de Aquiles, mas teve que sofrer anestesia geral. Ele demorou a se recuperar da anestesia, nos deixando muito preocupados, mas o pós- operatório em si foi tranquilo. Pensam que acabou? JG teve que usar uma órtese que rodava os 2 pés para fora e os mantinham assim por um ferro entre eles que media a distância entre os 2 ombros, por 23h até que começasse a engatinhar. Depois disso usaria apenas para dormir até pelo menos 4 anos. Ele nunca reclamou da órtese, pois nunca percebera como seria sua vida sem ela.
Quando usou apenas para dormir, as noites pioraram, pois ele também foi “premiado” com Hipotireoidismo Congênito, diagnosticado através do teste do pezinho. Essa doença terrível poderia deixa-lo com retardo mental e do crescimento e era submetido (como o faz até hoje) a exames de sangue, por vezes semanais. Esses exames revelariam se as taxas estariam adequadas, mas sempre dava alguma alteração e a mais comum era ficar com hipertireoidismo medicamentoso, o que lhe rendia taquicardia, sudorese intensa, taquipnéia, diarreia, irritabilidade, entre outros sintomas.
Posso dizer que ele era uma bomba relógio, agitado, com insônia, nos deixando virar zumbis junto com ele. JG cresceu e quando completou 2 anos era chegada a minha hora de correr atrás. O intervalo estava perfeito para tentar um parto normal, mas o medo do que aconteceu comigo me deixava ranzinza, neurótica e depressiva.
O primeiro passo para o nascimento tranquilo de Pedro foi dado quando tomei a iniciativa de fazer análise. Eu estava obcecada por pesquisa, pela doença que tive. Chegava a traduzir artigos científicos para compreender melhor. Mas não me dei conta de que eu não era médica. Iria sempre ficar em dúvida.
Ninguém poderia me responder o que havia acontecido de verdade. Minha psicanalista sugeriu que eu procurasse o antigo Go (para uma espécie de “acerto de contas” e para que ele explicasse o meu caso, pois ele acompanhou e deveria me dar algum diagnóstico mais preciso). Além dele, sugeriu que fosse a um hepatologista e que procurasse um GO que eu confiasse muito e contasse minha história, tudo para ter certeza de que seria possível parir sem medo.
Muito tola, cheguei ao novo GO afirmando o nome da doença que sofri e de cara ele contraindicou uma gestação. Saí do consultório muito mal.
Cada grávida que eu via ou cada loja de bebês que eu passava em frente, era uma facada no meu peito. Eu precisava de outro filho, pois era um sonho desde mais jovem e precisava, acima de tudo, tentar fazer diferente, mas naquele momento, tudo foi retirado de mim novamente. Não desisti! Fui aos médicos necessários, peguei laudos e voltei ao GO contando a história direito. Dei-me conta que eu havia fechado meu diagnóstico. Eu não podia dizer que tive aquele problema e sim o médico após avaliar o histórico.
Ele me perguntou na hora quando eu desejaria engravidar e afirmou que seria improvável que tivesse sofrido daquela complicação da pré-eclâmpsia, mas que eu deveria ser considerada de alto-risco e muito bem monitorada. Fiz os exames pré-concepcionais, parei a pílula e depois de 3 meses tive minha benção no meu ventre. O empoderamento já havia começado muito antes de conceber. Já sabia o que queria e por isso mesmo já estava com a equipe adequada.
Fiz de tudo pra que desse certo. Trabalhei normalmente até o oitavo mês, fiz hidroterapia, RPG, Yoga, não engordei muito e graças a Deus, os exames sempre deram normais, a PA sempre estava até baixa, o fígado estava ok e era apenas aguardar o grande dia.
Tive alguns sustos, como escape de liquido (que deve ter sido urina), algumas elevações da PA, mas que foi puramente emocional, pois o GO havia viajado e o medo de parir sem ele falou mais alto que até a pressão subiu..rs. Chegamos às 38 semanas completamente bem.
Eu dormia a noite inteira! Aliás, o que mais fiz nessa gestação foi dormir. Comecei a perder um pouco, mas muito pouco mesmo do tampão mucoso nessa semana. Minha mãe veio logo pra perto de mim e agora era aguardar. A gestação passou depressa, mas as últimas 3 semanas se arrastaram.
Decidi ir caminhar na praia, fiz o curso de parto com a Doula Thais, fazia os exercícios para o parto sozinha mesmo. Pena que trabalhei pouco o alongamento do períneo, mas fazia muitas contrações para fortalecê-lo.
Tive sérios aborrecimentos 15 dias antes do parto e acho que Pedro resolveu esperar as coisas se acalmarem em casa para que ele nascesse em um ambiente de amor e não de conflitos. Acho que por isso fiquei em pródromos tanto tempo. Sentia fortes contrações, tomavam ritmo e depois não engrenavam.
A ansiedade aumentava e as cobranças também. Era angustiante. Completei 39 semanas e 1cm de dilatação! Do zero o trabalho de parto não ia começar…rs. Porém, na semana seguinte, numa madrugada de terça-feira, com 40 semanas e 4 dias, apesar de não ter dormido a noite pela primeira vez devido às contrações ritmadas e cólicas fortes, fui a consulta e nada havia mudado. Pensei que estivesse em TP, mas o colo não era favorável e inclusive o GO disse que se fossemos induzir, deveríamos preparar o colo antes.
A indução só estava nos meus planos se chegássemos há 42 semanas sem sinais. Então, decidimos esperar, claro. Estávamos super saudáveis. O Go receitou buscopam para controlar as cólicas e para que eu conseguisse dormir. Pediu que relaxasse ao máximo.
Chegamos em casa por volta das 19h e tomei a medicação. Todo mundo dormiu e eu não. As contrações vinham e as cólicas aumentavam. Comecei a liberar sangue vivo e não mais a borrinha de café que tinha começado a sair desde sexta-feira, dia em que o tampão saiu de vez (ele estava muito preguiçoso..rs).
Era madrugada de terça para quarta e eu não saía do chuveiro quente. Não imaginava ser TP, mas estava doendo muito. Sono eu tinha, mas a dor não me permitia fechar os olhos. Amanheceu e todo mundo percebeu que eu já estava gemendo de dor na sala.
Tomei café da manhã gemendo e tudo que fazia era gemendo…rs. Meu marido decidiu monitorar as contrações e vinham de 3 em 3 minutos e a perda de sangue aumentava…Pensamos: ele tem que fazer algo para controlar isso (tolinhos, achando que não era o Pedro querendo sair). O Go pediu que eu fosse para a maternidade. Confesso que eu estava me segurando muito. Travava o TP naquele momento. Morria de medo de parir em casa, principalmente por não ter notado absolutamente nada na gestação anterior, mas com certeza dessa vez já estava sendo completamente diferente.
Desci as escadas do prédio já externando aquela dor que aumentava cada vez mais. Sentei na escada porque perdia as forças durante as contrações e na verdade eu queria era me poupar. Não sabia quanto tempo iria encarar pela frente. Quando chegamos na maternidade, meu marido simplesmente me deixa na porta e vai procurar uma vaga…A demora dele foi enorme. Eu xingava o coitado de todos os nomes impróprios no meu pensamento…Dava vontade de sentar no chão, de berrar, mas eu tinha que me controlar porque ninguém entende um TP.
Pensariam logo que eu estaria passando mal, que seria algo grave e tentei ficar tranquila pelas pessoas que passavam por mim. Apesar do esforço, o segurança do hospital veio oferecer ajuda e eu sorri em plena contração e disse que estava tudo bem, estava aguardando meu marido. Meu excelentíssimo esposo Rafael vinha passeando pelo estacionamento como se nada estivesse acontecendo. Era incrível a calma que ele estava. Eu xinguei mais ainda por dentro.
Quando ele chegou perto de mim, lembrou que havia esquecido minha pasta com todos os documentos necessários. E aí? Eu mato? Lá se vão intermináveis minutos de espera pelo marido esquecidinho, até que finalmente subimos
. O Go ainda não havia chegado e cerca de 30 minutos depois ele finalmente apareceu. Nessa altura do campeonato eu andava pelo corredor, ia ao banheiro, mas queria me aninhar. Estava agoniada no corredor, queria um cantinho pra parir. Imaginem se eu já gemia em casa, como estava no hospital?
O mais cômico foi o trajeto até lá. Eu gritava no carro e no pedágio da ponte a cobradora se assustou com a barriga e nem imaginava que eu já estava nos “finalmentes”, tentei não gritar naquela hora também..rs. Aliás, odiava gemer, gritar, não queria isso, achava que deveria ser serena, pouco escandalosa, mas uma mulher só saberá o que fará na partolândia quando lá se encontrar! Devidamente instalada, foi feito um toque e estava apenas com 2-3 cm, com o colo fino igual a um papel.
O Go decidiu que eu deveria relaxar, pois já estava na segunda noite sem dormir e precisava de energia pra mais tarde (até parece que foi tarde!), então receitou 2 medicações para eu dormir um pouco. Era um tipo de sedativo. Um em cada nádega e até hoje com 17 dias de puerpério ainda sinto como um ferrão de abelha no músculo.
Minha Doula chegou e o quarto já estava escurinho. Sim, era no quarto, não na suíte de parto, pois foi um festival de gestantes naquele dia! Meu GO chegou a dizer que a outra gestante estava com quase 7 de dilatação e ela foi pra suíte, mas que deveria parir antes de mim e depois eu iria pra lá.
Pensei em colocar minhas musiquinhas selecionadas para o grande dia, mas ele sugeriu que não colocasse, pois provavelmente eu não iria dormir se assim fizesse. Sei que fiquei muito “grog” da medicação, mas dormir que é bom, nada.
As contrações vinham muito fortes e as dores eram muito intensas.
Eu queria ir pro chuveiro, mas os olhos não abriam, a Doula Thais disse que ficasse de olhos fechados mesmo.
Fiquei nua e sentei no banquinho debaixo da água, mas minha vontade era de sentar no chão (Ah! minha banheira de hidromassagem que estava ali ao lado na suíte de parto nessa hora hein?). Não aguentei ficar no banquinho muito tempo.
Thais tentava conduzir como deveria ser feito a cada contração. Eu juro que tentei fazer tudo direitinho. Ela disse que eu fiz, mas eu não tenho a menor ideia se realmente consegui. Pra falar a verdade eu nem me lembro do Rafael no quarto.
Ele disse que me dava carinho, segurava minha mão, mas não lembro mesmo. Só me lembro dele durante o expulsivo. Em meio a gemidos e gritos de dor, eu ainda me lembro de levantar, rebolar um pouco, agachar, direcionar a força e respiração, vocalizar, mas não consegui aceitar a massagem…as mãos nas minhas costas me davam uma gastura sem tamanho!
Eu comi chocolate, bebi água de côco, mas só queria saber de ficar deitada. Não sei de onde tirei tanta preguiça! Imaginava que teria um TP super ativo, mas juro pra vocês que sequer sabia que era um TP de verdade. Eu estava em outro planeta. Sei lá se era por causa da medicação ou se era por causa do TP, só sei que queria ficar deitada “viajando”…rs. Muita coisa deve ter acontecido, mas não me lembro de mais nada até então.
No quarto era só silêncio e nós 3. Só sei que a porta do quarto se abriu e de repente veio uma força pra empurrar muito grande e eu cheguei a me segurar. Não empurrei. Só avisei o que estava sentindo. O GO entrou no quarto, sorriu quando ouviu o que eu tinha acabado de dizer e disse: “vamos ver se é isso mesmo”.
E era! Ele fez o toque, olhou para o Rafa e disse: “ E agora hein, o que a gente faz? Dilatação completa, tá na hora desse menino nascer”. Foi incrível! Naquele momento eu chorava descontroladamente, tremia muito.
Thais segurava minhas mãos trêmulas e me acalentava enquanto abriam espaço no quarto. Empurraram cama, móveis, prepararam o “campo”, colocaram o banco de cócoras e Dr. Paulo (GO) veio falar comigo algumas coisas bem baixinho, sereno, como um pai. Essa parte foi filmada e me emociono bastante quando vejo. Ele disse que era pra eu soltar meu corpo, meu espírito…
Que a pior parte já havia passado. Ele nunca pariu, mas sabia que o pior já tinha terminado e que teríamos alguns minutos pro Pedro nascer.
Falou outras coisas e na mesma hora pedi pra sair da cama. Fui pro quarto às 9h. Dr. Paulo chegou para outra avaliação às 12h, quando eu senti vontade de empurrar. Eu dilatei tudo em 3h de muito apoio e de extrema vontade de parir. Quem disse que eu ia pra tal suíte de parto hein??? A outra gestante ficou por lá até mais ou menos às 19h e infelizmente teve que fazer uma cesárea respeitosa. Pouco me importei por não usar a tal suíte. Queria era parir!
Andei um pouco, rebolei, levantei as pernas simulando marcha, agachei e me pendurei segurando as mãos da Thais, vocalizei durante as contrações, direcionei a força, tudo graças às palavras da Tha e do Dr. Paulo que tentavam me ajudar naquele momento. Dr. Paulo empurrava pelas minhas costas em direção ao cóccix pra eu entender que eu precisava ajudar o bebê a descer, pois ainda estava alto. Usei o banco de cócoras.
Foi a melhor sensação do parto. Ali eu parei no tempo. Fiquei literalmente entorpecida e viajando na partolândia. Nesse momento lembro-me do Rafa atrás de mim.
Joguei-me em seus braços e relaxei. Relaxei tanto que as contrações começaram a ficar espaçadas demais e não conseguia parir ali.
Deu câimbra no adutor da coxa esquerda e, além disso, estava “gostando” daquela posição (acho que foi a parte orgásmica do meu parto) e não poderia esperar muito tempo. Pedro tinha que nascer. Eu pensei que estivesse apenas há uns 20 minutos em período expulsivo e já havia se passado mais de 1h.
O tempo parou nesse estágio do parto, que apesar de ser desgastante, de arder bastante, de parecer que eu iria explodir, foi a parte mais gostosa de todo o TP. Decidi parir na cama e o Dr. Paulo também incentivou que assim fizesse.
Disse inclusive que sabia que eu estava gostando, mas que teríamos que trabalhar! Na hora, eu pensei: gostando nada! Mas analisando bem, acho que era exatamente isso que estava acontecendo, aliado a uma perda de controle dos atos (não ouvia direito mais ninguém e pouco seguia o que era solicitado) e também um certo medo besta de evacuar (coisa que não aconteceu, ainda bem..rs). Eu estava travando o que deveria ser mais simples e tranquilo.
Na cama, Dr. Paulo rompeu a bolsa que estava fazendo muita pressão à frente da cabeça do bebê e tinha um pouco de mecônio, mas na hora nada foi falado.
Depois de bolsa rota as contrações vinham uma atrás da outra, mas eram breves e a vontade de empurrar era cada vez maior e incontrolável.
Dava vontade de segurar, de não deixar sair, mas eu decidi ouvir o que estavam solicitando depois que chegou o soro com ocitocina e depois do GO dizer que me dava mais 2 chances, mas que ia ter que me colocar no soro por causa da demora (1h e meia de expulsivo), provavelmente por causa do mecônio (mas ele não citou) , porque ele percebeu que eu estava travando o processo (que raiva de mim – jurava que iria deixar acontecer suavemente sem travar) e porque minhas contrações eram curtas demais.
Na mesma hora pensei: é tudo ou nada! Mesmo que a contração se vá eu continuarei fazendo força! Não me lembro de quantas vezes eu fiz força antes de ver aquele soro, mas sei que fiz 2 ou 3 forças depois que vim pro planeta terra novamente.
Gritei muito, abri a boca mesmo! Toquei a cabeça do Pedro e ganhei mais força! Coloquei as 2 mãos como se quisesse abrir passagem pra ele e ele enfim nasceu!
Luanda e Pedro |
Pedro veio ao mundo às 13:35h no dia 15/08/2012, com APGAR 10-10, direto pro meu colo, recebendo muito amor, muitas palavras que nem lembro, mas sei que falei com ele feito uma tagarela chorona.
O cordão foi cortado pelo pai no momento correto, tardiamente e ele mamou com muita força! Acho que fiquei admirando aquele “serzinho” inchadinho, peludinho e com uma bossa gigante (pelo tempo que ficou no canal do parto) por mais de 1h. Só o levaram quando eu deixei. Não tomou banho e ele até que nasceu bem limpinho.
Cortando o cordão |
Levaram meu guri apenas pra pesar e vestir. Nada mais. Nenhuma intervenção! Eu pensei que nada tivesse acontecido, mas lacerei um pouco. Levei os poucos pontos necessários, mas imaginei que tivesse ficado com períneo íntegro, pois nada senti. O momento final foi realmente como se houvesse uma bola de fogo saindo de mim. Ardeu bastante, mas sentir rasgar não senti.
Acho que só aconteceu porque me travei. E olha que treinei tanto relaxar o períneo! Mas na hora que vamos descobrir como reagiremos. Saímos do nosso corpo mesmo. Não respondemos pela mesma pessoa que somos. Rafa chorou horrores e mesmo assim, imediatamente começou a ligar pra família. Ninguém sabia que estávamos na maternidade, muito menos que Pedro já estava nesse mundão!
Aliás, ninguém imaginava que seria tão rápido. Rafa não teve tempo de avisar nada até porque não sabia em que nível do TP eu estava. Foi chegar, me acomodar e 4 h depois eu estava com Pedroca nos braços.
Luanda, Pedro e Dr. Paulo Batistuta |
Só tenho a agradecer a Deus, ao Dr. Paulo, à Dra. Deuza , à Thais e à enfermeira que nem sei o nome, ao meu marido e ao Pedro por me proporcionarem esse momento que não se compara a nada nesse mundo. Agradeço também a Dra. Ana Lúcia que me ajudou na fase pre-concepcional e a ter forças pra buscar meus objetivos.
Luanda, Rafael, Pedro e Thais Ramos |
Não poderia deixar de mencionar meu agradecimento à Dra. Julianne Magalhães, ao Rafael da Marzen e a todos que estiveram envolvidos nessa busca, mesmo que seus nomes não sejam citados aqui.
Todos os meus amigos contribuiram de alguma forma! Ah! Valeu a pena encher o saco de vocês com todo o papo de parto normal, viram?rs…Importante mencionar Melânia Amorim, Renata Olah e Ana Cristina que virtualmente me ajudaram muito através do orkut, durante o periodo de ferida aberta quando o primeiro filhote nasceu. Dói?
Claro que sim! Mas faria tudo outra vez por nós! Ganhei uma benção de filhote, tão sonhado, tão amado. Realizei meu desejo de parir, de mostrar que é possível e que fomos feitas pra isso. Curei sim minhas dores do passado, minhas feridas.
Descobri que querer é poder, quando se tem amparo e dedicação. E mesmo que eu não tivesse conseguido, tenho certeza que teria tido uma cesariana respeitosa também.
Mas, como disse ao Dr. Paulo quando ele me perguntou o que faria com o soro, já que eu não precisei usar, digo o mesmo pra cesárea: Some com ela daqui!!!!
Ah! Se vocês pensam que eu não quis usar analgesia pra ser tudo naturalissimo, na verdade eu nem sabia em que momento pedir, porque estava esperando o pior momento e quando vi já tinha acabado. Isso me mostra que apesar de ter sofrido as dores, poderia suportar mais. Tanto que nem pensei em pedir a anestesia. Fácil não foi, mas é perfeitamente suportável.
E digo mais: quando a gente se entrega de verdade, fica muito mais fácil e prazeroso. Gostaria de voltar no tempo e ter relaxado mais…rsrs….Diz a Thais que eu relaxei, que fiz tudo direitinho, que não gritei muito…rs…Eu finjo que acredito tá amore? Diz Dr. Paulo que foi ótimo. Que eu fui maravilhosa e que ele se surpreendeu.
Que não imaginava que fosse conseguir tão depressa e que temia que meus medos e tinha ansiedade sabotassem meu parto, mas eu mostrei que podia fazer diferente. Amém por isso! Fico por aqui, dizendo que hoje transbordo amor.
Transbordo de realização e que até meu puerpério é light de tão feliz que fiquei. Juro que nem sei o que é Baby Blues. Pedro, João Gabriel, Rafa, amo vocês.
Luanda C. Rodrigues Drumond.
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.
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